quarta-feira, 5 de março de 2014

Trecho


"Em vida, chamaram-me de muitas coisas: irmã, amante, sacerdotisa, maga, rainha. Na verdade cheguei agora a ser maga e poderá vir um tempo em que tais coisas devam ser conhecidas. Verdadeiramente, porém creio que os cristãos dirão a última palavra. O Mundo das fadas afasta-se cada vez mais daquele em que Cristo predomina. Nada tenho contra Cristo, apenas contra os seus sacerdotes, que chamam a Grande Deusa de Demônio e negam o seu poder no mundo. Alegam que, no máximo esse poder foi de Satã. Ou vestem-na com o manto azul da Senhora de Nazaré - realmente poderosa, ao seu modo -, que, dizem, foi sempre virgem. Mas o que pode uma virgem saber das mágoas e labutas da humanidade? E agora que o mundo está mudado e Artur - meu irmão, meu amante, rei que foi e rei que será - está morto (o povo diz que ele dorme) na ilha sagrada de Avalon, é preciso contar as coisas antes que os sacerdotes do Cristo Branco espalhem por toda parte seus santos e suas lendas."

Morgana em "As Brumas de Avalon"