"Em vida, chamaram-me de muitas coisas: irmã, amante,
sacerdotisa, maga, rainha. Na verdade cheguei agora a ser maga e poderá vir um
tempo em que tais coisas devam ser conhecidas. Verdadeiramente, porém creio que
os cristãos dirão a última palavra. O Mundo das fadas afasta-se cada vez mais
daquele em que Cristo predomina. Nada tenho contra Cristo, apenas contra os seus
sacerdotes, que chamam a Grande Deusa de Demônio e negam o seu poder no
mundo. Alegam que, no máximo esse poder foi de Satã. Ou vestem-na com o manto azul
da Senhora de Nazaré - realmente poderosa, ao seu modo -, que, dizem, foi sempre
virgem. Mas o que pode uma virgem saber das mágoas e labutas da humanidade? E
agora que o mundo está mudado e Artur - meu irmão, meu amante, rei que foi e rei
que será - está morto (o povo diz que ele dorme) na ilha sagrada de Avalon, é
preciso contar as coisas antes que os sacerdotes do Cristo Branco espalhem por
toda parte seus santos e suas lendas."
Morgana em "As Brumas de Avalon"